domingo, 16 de dezembro de 2012

As datas de circulação dos selos



Ao que tudo indica, não é conhecido diploma oficial para as datas de entrada em circulação dos selos sobretaxados/sobrecargados. Diligenciarei, no entanto, no sentido se apurar tal facto. 

O Prof. Oliveira Marques fala, no seu livro História do Selo Postal Português, em datas para o início da circulação destes selos, mas ao que parece, não se sabe bem onde as foi buscar. Se viu isso escrito, não disse onde viu e poderá ter resultado de alguma consulta de documentação da Casa da Moeda que ele não refere. 

O Catálogo Simões Ferreira indica as datas de circulação que Oliveira Marques aponta. Pereira Leite parece, que nos seus estudos, se baseia nas mesmas datas. Isso leva-me a crer que adotaram as datas indicadas pelo Professor. Mas poderei estar errado. O catálogo Eládio de Santos nada refere sobre este assunto.

O Catálogo Afinsa corroborava com as datas indicadas por Oliveira Marques até á edição de 2005. A partir da edição de 2006, já aparece uma exceção: indica o início de circulação do selo de 40 C s/ 2 C laranja em Dezembro de 1928, ao passo que Oliveira Marques indica a circulação para Janeiro de 1929. No entanto, a partir da edição de 2009, aquele catálogo altera a data de entrada de circulação daquele selo para Outubro de 1928. 

Estas correções terão sido efetuadas por aparecimento de selos/peças circuladas com carimbos com datas muito anteriores á data inicialmente indicada para a entrada em circulação: Janeiro de 1929.
[ Num à parte, é de referir que o gravador da taxa de 40 C s/ 2 C ( laranja, amarelo e chocolate )  é o mesmo: Trindade. Aos selos da taxa de 40 C s/ 2 C amarelo e chocolate é-lhes atribuída a data de circulação de OUT28 ] 

A prática diz-nos muitas vezes que certas informações publicadas não estão conformes com o que aparece nos selos usados/peças circuladas, e às vezes com diferenças grandes, como é este caso do 40 s/ 2 C laranja, que se encontra em selos circulados em Outubro de 1928, como é o caso desta carta que possuo, com circulação em 29OUT28 ( note-se que o 40 C s/ 2 C chocolate também lá se encontra ) :





Nos Ceres sobretaxados/sobrecargados, ao não se conhecerem datas oficiais, terão de ser as datas dos carimbos a dizerem-nos quando entraram em circulação e serão estas datas que teremos de aceitar.

Mas nem só o 40 C s/ 2 C laranja aparece circulado em data dissonante com a apontada pelo Prof. Oliveira Marques. O selo de 10 C s/ ½ C preto aparece circulado em 26NOV28, vindo igualmente contrariar a data apontada na História do Selo Postal Português, e nas outras publicações, que é de DEZ28.

A imagem que apresento, em baixo, diz respeito a uma carta, da minha coleção, onde aparece um par de selos da taxa de 10 C s/ ½ C preto, papel azulado, circulados em 26NOV28. Igualmente, a mesma carta, ostenta um selo da taxa de 40 C s/ 2 C laranja, o mesmo que anteriormente já havia referido.

Por isso, é de admitir futuros aparecimentos de elementos que irão corrigir dados tidos, á data de hoje, como corretos, pelo que seria de muita utilidade, que quem os encontrasse, os divulgasse.




domingo, 9 de dezembro de 2012

As variedades de Cliché



Em linguagem tipográfica, o cliché, diz respeito a uma matriz, geralmente feita em metal, associada a um cunho, sendo que uma das formas do obter é através de processo eletroquímico da galvanoplastia, e significa repetição.

Nos selos Ceres, um cliché correspondia a um selo a imprimir e eram tantos quanto os necessários, de uma taxa, para se imprimir uma folha. Estes eram montados numa moldura, para os manter unidos e devidamente posicionados, relativamente a cada um, dando origem á forma de clichés, que seria adaptada á máquina impressora. 
Assim, um defeito existente no cliché, provocado por fenda ou deterioração, era transmitido, no processo de impressão, ao selo. 

Outros tipos de defeitos repetitivos podiam resultar de vários fatores estranhos ao estado de perfeição dos clichés, como pode ser o caso do alojamento de qualquer pequeno corpo estranho que ali ficou solidamente preso, o qual, poderia tapar parcialmente uma letra ou transmitir qualquer outro defeito ao selo, na sua impressão.


Nos selos Ceres, as variedades de cliché verificam-se nos diversos selos que compõem as várias séries, pelo que esses selos sobretaxados/sobrecargados apresentam, como é evidente, essas variedades.

Sobre este tema e para uma melhor elucidação, aconselho a consulta da obra, de 1992 – Portugal – Ceres – Variedades de Cliché – da autoria dos Engs. Miranda da Mota e Armando Vieira, a qual, como é óbvio, devido ao tempo a que já foi publicada, se encontra algo desatualizada no que diz respeito ao aparecimento de outras variedades de clichés, bem como ao aparecimento destas variedades em outros tipos de papéis em que foram impressos os selos Ceres.

Eis algumas variedades mais significativas, em selos sobretaxados/sobrecargados, da minha coleção:


 3-0

 3Q

 C RREIO

3C

COPREIO

CORPEIO

CORREYO

CQRREIO

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Ainda as sobrecargas/sobretaxas



As sobrecargas/sobretaxas, tipografadas na Casa da Moeda, deram igualmente lugar ao aparecimento de carateres deslocados ou deteriorados, os quais, como é óbvio, transmitiam, durante a impressão, essas anomalias aos selos. Daí resultou o aparecimento, nos selos, de barras, algarismos e letras partidas.
Dois exemplos:


 Zero de 40 partido


Oito de 80 partido


Não é fácil encontrar-se o mesmo defeito de impressão em dois selos da mesma taxa, mas aparecem:

 Zero de 1$60 E. partido