sábado, 13 de abril de 2013

As sobretaxas omitidas

Oliveira Marques refere que a série dos selos Ceres sobretaxados/sobrecarregados existe com variedade de erros, não indicando quais, mas que deduzo, sem certezas, referir-se às atualmente chamadas variedades de cliché, uma vez que ele tem o cuidado de referir as variedades das barras afastadas, pelo que, provavelmente, assinalaria a existência de anomalias de impressão mais importantes, como é o caso da omissão da taxa, caso tivesse conhecimento da existência da mesma. 


Castro Brandão, no seu estudo, também não refere a existência, na série, de selos com a sobretaxa omitida.

Esta variedade não é referida no catálogo Simões Ferreira nem no catálogo Eládio de Santos, aparecendo apenas catalogada nos catálogos Afinsa e de orientação técnica do NFACP em meados dos anos 80.

Ao olharmos para esta variedade, interrogamo-nos de como terá ocorrido. A perspetiva é de que aquando da impressão da sobrecarga/sobretaxa, a margem inferior da folha estaria dobrada para cima, recebendo por isso a impressão da taxa e ocasionando a omissão da mesma no selo.
É uma situação possível?
Há quem afirme que sim.


Observada a sobrecarga/sobretaxa neste tipo de peças, esta não apresenta as mesmas características das originais, embora, aparentemente, apresentem a mesma tintagem das sobrecargas/sobretaxas genuínas.

Uma questão que se coloca também, era saber se este tipo de peças seriam verdadeiramente um erro, isto é, se teriam sido produzidas fortuitamente, sem que o tipógrafo se apercebesse do facto na altura da impressão.

Do meu ponto de vista entendo que muito dificilmente uma dobragem na parte inferior da folha se poderia ter processado de molde a produzir estes tipos de peças com tanta perfeição, sem que para isso tivesse havido intenção.
Este tipo de peça teve de ter sido produzido individualmente, com o cuidado de a margem da folha ter sido imobilizada de forma a não desdobrar.
Em todos os cantos de folha, deste tipo de selo, que vi até hoje, verifiquei que o denteado no fundo da folha não se prolongava até à extremidade desta, o que dificultava a dobragem acidental. 

Esta variedade, atendendo à tintagem e tipos utilizados, poderia ter sido produzida ao mesmo tempo que a impressão das sobrecargas/sobretaxas originais, mas, na minha opinião, porque confrontando-se estas sobrecargas/sobretaxas com as que foram aplicadas nos selos originais simples, isto é, sem qualquer tipo de variedade, encontramos discrepâncias na posição dos carateres em relação aos selos com sobretaxa/sobrecarga simples, pelo que é quase certo que não passará de uma variedade clandestina/falsa, produzida fora do sistema de impressão oficial. 

São conhecidos alguns blocos do selo de 10 C s/ ¼ C, sépia, denteado 12 x 11 ½ em papel liso e acetinado.
É curioso que as peças que aparecem têm o cuidado de se apresentar com os selos da fila superior devidamente sobretaxados, por forma a se poder fazer a comparação com a fila inferior. O selo sem taxa não aparece isolado, sem que dele faça parte a respetiva margem da folha com a sobretaxa.
 
É a única variedade catalogada, deste tipo, à qual é atribuída boa cotação, verificando-se que o mercado a absorve com interesse.
Da minha parte, porque a não considero genuína, direi apenas que vale o que vale, isto é, terá o valor que cada um lhe quiser atribuir como objeto de coleção.

Pessoalmente não conheço esta variedade em selo usado ou em pretensa peça circulada.




Este tipo de “erro” existe noutras taxas da emissão, cujas sobrecargas/sobretaxas, numa observação primária demonstram inequivocamente serem falsas.

1 comentário:

  1. bom dia, por intermédio do Sr. Fernando, seu conhecido, obtive este blog. Pode enviar-me o seu contacto email para lhe enviar mensagens sobre temas filatélicos ? Obrigado. A. Faria

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