Oliveira Marques refere que a
série dos selos Ceres sobretaxados/sobrecarregados existe com variedade de
erros, não indicando quais, mas que deduzo, sem certezas, referir-se às
atualmente chamadas variedades de cliché, uma vez que ele tem o cuidado de
referir as variedades das barras afastadas, pelo que, provavelmente, assinalaria
a existência de anomalias de impressão mais importantes, como é o caso da
omissão da taxa, caso tivesse conhecimento da existência da mesma.
Castro Brandão, no seu estudo,
também não refere a existência, na série, de selos com a sobretaxa omitida.
Esta variedade não é referida no
catálogo Simões Ferreira nem no catálogo Eládio de Santos, aparecendo apenas
catalogada nos catálogos Afinsa e de orientação técnica do NFACP em meados dos
anos 80.
Ao olharmos para esta variedade,
interrogamo-nos de como terá ocorrido. A perspetiva é de que aquando da
impressão da sobrecarga/sobretaxa, a margem inferior da folha estaria dobrada
para cima, recebendo por isso a impressão da taxa e ocasionando a omissão da
mesma no selo.
É uma situação possível?
Há quem afirme que sim.
Observada a sobrecarga/sobretaxa neste tipo de peças,
esta não apresenta as mesmas características das originais, embora, aparentemente, apresentem a mesma tintagem das
sobrecargas/sobretaxas genuínas.
Uma questão que se coloca também, era saber se este tipo de
peças seriam verdadeiramente um erro, isto é, se teriam sido produzidas
fortuitamente, sem que o tipógrafo se apercebesse do facto na altura da
impressão.
Do meu ponto de vista entendo que
muito dificilmente uma dobragem na parte inferior da folha se poderia ter
processado de molde a produzir estes tipos de peças com tanta perfeição, sem
que para isso tivesse havido intenção.
Este tipo de peça teve de ter sido produzido
individualmente, com o cuidado de a margem da folha ter sido imobilizada de
forma a não desdobrar.
Em todos os cantos de folha, deste tipo de selo, que vi
até hoje, verifiquei que o denteado no fundo da folha não se prolongava até à
extremidade desta, o que dificultava a dobragem acidental.
Esta variedade, atendendo à
tintagem e tipos utilizados, poderia ter sido produzida ao mesmo tempo
que a impressão das sobrecargas/sobretaxas originais, mas, na minha opinião, porque confrontando-se estas sobrecargas/sobretaxas com as que foram aplicadas nos selos originais simples, isto é, sem qualquer tipo de variedade, encontramos discrepâncias na posição dos carateres em relação aos selos com sobretaxa/sobrecarga simples,
pelo que é quase certo que não passará de uma variedade clandestina/falsa, produzida fora do sistema de impressão oficial.
São conhecidos alguns blocos do selo de 10 C s/ ¼ C, sépia, denteado 12 x 11 ½ em papel liso e acetinado.
É curioso que as peças que
aparecem têm o cuidado de se apresentar com os selos da fila superior
devidamente sobretaxados, por forma a se poder fazer a comparação com a fila
inferior. O selo sem taxa não aparece isolado, sem que dele faça parte a respetiva margem da folha com a sobretaxa.
É a única variedade catalogada, deste tipo, à
qual é atribuída boa cotação, verificando-se que o mercado a absorve com
interesse.
Da minha parte, porque a não considero genuína, direi apenas que vale o que vale, isto é, terá o valor que cada um lhe quiser atribuir como objeto de coleção.
Pessoalmente não conheço esta
variedade em selo usado ou em pretensa peça circulada.
Este tipo de
“erro” existe noutras taxas da emissão, cujas sobrecargas/sobretaxas, numa observação primária demonstram inequivocamente serem falsas.
bom dia, por intermédio do Sr. Fernando, seu conhecido, obtive este blog. Pode enviar-me o seu contacto email para lhe enviar mensagens sobre temas filatélicos ? Obrigado. A. Faria
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